Cartaz do filme |
Manoel é explorado
pelo coronel Moraes, dono das terras em que vive e que possui o poder
político na região. Por não receber o pagamento pelo seu trabalho Manoel
em um ataque de fúria mata o coronel, obrigando-o empreender uma fuga
desesperada com sua mulher. O casal passa a seguir Sebastião. o pregador
que anda pelo sertão pronunciando mensagens messianicas, apesar de seus
exageros é depositário da crença de um povo que não tem nada além da
fé, o beato leva consigo uma multidão de sertanejos que acreditam que só
Deus poderá ajuda-los a se livrar dos tormentos da seca, da fome e do
abandono, e que Sebastião é um enviado de Deus.
Além de demonstrar
o desespero do sertanejo que se deixa sucumbir ao fanatismo religioso, o
filme também demonstra ação de coronéis, que representam o Estado e o
poder político da região, juntamente com a Igreja Católica. Enquanto os
coronéis se preocupam com a manutenção de seu poder, e também com a mão
de obra que estão perdendo, os padres se preocupam com a perda de fiéis e
consequentemente as contribuições dos mesmos com a paróquia. Como
resolução dos problemas que o beato causou, um jagunço chamado Antônio
das Mortes é contratado pelo coronel para liquidar o pregador e seus
seguidores, demonstrando resistência em executar o serviço por conta de
suas crenças o jagunço é persuadido pelo padre, primeiramente com
palavras do evangelho, e posteriormente com o aumento do pagamento pelo
serviço.
Glauber Rocha |
Ficha técnica
Ficção, longa-metragem, 125 minutos, 35mm; preto e branco.
Diretor: Glauber Rocha;
Roteiristas: Glauber Rocha, Walter Lima Jr.;
Direção de fotografia e câmera: Waldemar Lima;
Produtor: Luiz Augusto Mendes;
Cenógrafo e Figurinista: Paulo Gil Soares;
Música: Villa-Lobos;
Canções: Sérgio Ricardo (melodia), Glauber Rocha (letra);
Rio de Janeiro, 1964. ;
Produtora: Copacabana Filmes;
Lançamento: 10 de julho de 1964, Rio de Janeiro
Locações: Monte Santo, Feira de Santana, Salvador, Canché (Cocorobó), Canudos (BA);
Elenco:
Geraldo Del Rey – Manuel
Yoná Magalhães – Rosa
Maurício do Valle - Antônio das Mortes
Othon Bastos - Corisco
Lídio Silva – Sebastião
Sônia dos Humildes – Dadá
Marrom - Cego Julio
Antônio Pinto – Coronel
João Gama – Padre
Milton Roda - Coronel Moraes
Figurantes- Moradores de Monte Santo
Análise fotográfica do filme
A
filmagem feita em preto e branco auxilia na dramaticidade da trama,
destaca bem, causando um ótimo efeito nas locações externas, onde
demonstra a onipotência do Sol e da seca. A maioria das filmagens foram
feitas com a câmera na mão, utilizando-se de enquadramentos em que os
personagens dialogam e interagem criando um contexto teatral e
alegórico.
Manuel interpretado por Geraldo Del Rey- O close na expressão de sofrimento e preocupação do sertanejo que enfrenta os sofrimentos causados pela seca. |
Antonio das Mortes- A entrada do personagem na trama é acompanhada de sua imagem ao lado de uma cruz, passando pela vila onde todos o olham com desconfiança e medo. |
O pistoleiro é colocado entre o padre e o coronel, representando seu aprisionamento entre os dois poderes da região. |
A negociação entre o padre e Antonio das Mortes, a iluminação do fundo provoca um contraste entre os personagens tornando a cena que trata de escolha ainda mais dramatica. |
Sebastião pregando ao povo, o angulo de captura da cena caracteriza a imagem messianica do beato. |
Nesta cena a câmera é deslocada por alguém que acompanha a peregrinação de Manuel, o sofrimento do personagem é demonstrado em cada expressão de força que faz para continuar seu sacrifício. |
O close na face de Corisco enfatiza seus discursos arraigados do sofrimento e vivências do cangaço. |
Uma das diversas cenas de paisagem, deixa transparecer o espaço ermo e imenso do sertão. |