sábado, 30 de março de 2013

Cinema: Análise da obra "Deus e o o diabo na terra do sol"



Cartaz do filme
A obra genialmente produzida por Glauber Rocha faz um retrato da vida no sertão. Tomando como eixo a história de Manoel e Rosa, um casal de sertanejos que representam o drama das famílias nordestinas.
Manoel é explorado pelo coronel Moraes, dono das terras em que vive e que possui o poder político na região. Por não receber o pagamento pelo seu trabalho Manoel em um ataque de fúria mata o coronel, obrigando-o empreender uma fuga desesperada com sua mulher. O casal passa a seguir Sebastião. o pregador que anda pelo sertão pronunciando mensagens messianicas, apesar de seus exageros é depositário da crença de um povo que não tem nada além da fé, o beato leva consigo uma multidão de sertanejos que acreditam que só Deus poderá ajuda-los a se livrar dos tormentos da seca, da fome e do abandono, e que Sebastião é um enviado de Deus.
Além de demonstrar o desespero do sertanejo que se deixa sucumbir ao fanatismo religioso, o filme também demonstra ação de coronéis, que representam o Estado e o poder político da região, juntamente com a Igreja Católica. Enquanto os coronéis se preocupam com a manutenção de seu poder, e também com a mão de obra que estão perdendo, os padres se preocupam com a perda de fiéis e consequentemente as contribuições dos mesmos com a paróquia. Como resolução dos problemas que o beato causou, um jagunço chamado Antônio das Mortes é contratado pelo coronel para liquidar o pregador e seus seguidores, demonstrando resistência em executar o serviço por conta de suas crenças o jagunço é persuadido pelo padre, primeiramente com palavras do evangelho, e posteriormente com o aumento do pagamento pelo serviço.
Glauber Rocha
Após a morte de Sebastião e seus seguidores, Manoel e Rosa que foram poupados por Antônio das Mortes para que contassem a história são acompanhados por Cego Julio pelo sertão, até se depararem com o bando do cangaceiro Corisco, ao qual Manuel passa a fazer parte. Sabendo que está sendo perseguido por Antônio das Mortes, Corisco dispensa os cangaceiros que o acompanham, e segue sua jornada deixando pela escolha de Manoel o que irá fazer. Manoel segue Corisco, mas após um enfrentamento no qual este é morto por Antônio, foge com Rosa correndo desesperado em busca do mar profetizado por Sebastião.

Ficha técnica

Ficção, longa-metragem, 125 minutos, 35mm; preto e branco.
Diretor: Glauber Rocha;
Roteiristas: Glauber Rocha, Walter Lima Jr.;
Direção de fotografia e câmera: Waldemar Lima;
Produtor: Luiz Augusto Mendes;
Cenógrafo e Figurinista: Paulo Gil Soares;
Música: Villa-Lobos;
Canções: Sérgio Ricardo (melodia), Glauber Rocha (letra);
Rio de Janeiro, 1964. ;
Produtora: Copacabana Filmes;
Lançamento: 10 de julho de 1964, Rio de Janeiro
Locações: Monte Santo, Feira de Santana, Salvador, Canché (Cocorobó), Canudos (BA);

Elenco:

Geraldo Del Rey – Manuel
Yoná Magalhães – Rosa
Maurício do Valle - Antônio das Mortes
Othon Bastos - Corisco
Lídio Silva – Sebastião
Sônia dos Humildes – Dadá
Marrom - Cego Julio
Antônio Pinto – Coronel
João Gama – Padre
Milton Roda - Coronel Moraes
Figurantes- Moradores de Monte Santo

Análise fotográfica do filme

A filmagem feita em preto e branco auxilia na dramaticidade da trama, destaca bem, causando um ótimo efeito nas locações externas, onde demonstra a onipotência do Sol e da seca. A maioria das filmagens foram feitas com a câmera na mão, utilizando-se de enquadramentos em que os personagens dialogam e interagem criando um contexto teatral e alegórico.


Manuel interpretado por Geraldo Del Rey- O close na expressão de sofrimento e preocupação do sertanejo que enfrenta os sofrimentos causados pela seca.


Antonio das Mortes- A entrada do personagem na trama é acompanhada de sua imagem ao lado de uma cruz, passando pela vila onde todos o olham com desconfiança e medo.


O pistoleiro é colocado entre o padre e o coronel, representando seu aprisionamento entre os dois poderes da região.
A negociação entre o padre e Antonio das Mortes, a iluminação do fundo provoca um contraste entre os personagens tornando a cena que trata de escolha ainda mais dramatica.

Sebastião pregando ao povo, o angulo de captura da cena caracteriza a imagem messianica do beato.
Nesta cena a câmera é deslocada por alguém que acompanha a peregrinação de Manuel, o sofrimento do personagem é demonstrado em cada expressão de força que faz para continuar seu sacrifício.

O close na face de Corisco enfatiza seus discursos arraigados do sofrimento e vivências do cangaço.

Uma das diversas cenas de paisagem, deixa transparecer o espaço ermo e imenso do sertão.


Cinema: a ilusão de movimento das imagens


 
Retrato de Muybridge
Com a o desenvolvimento da Fotografia na segunda metade do século XIX umas das invenções mais importantes após o daguerreotipo é o zooprasxiscópio. Invento criado pelo fotógrafo Eadweard Muybridge proporcionou pela primeira vez a imagem de objetos em movimento, usado inicialmente para estudos de movimentos de animais, máquinas e seres humanos.

Imagem criada pelo zoopraxiscópio
Mas a grande invenção de Muybridge foi superada pelo cinematógrafo dos irmãos Lumière. Essa invenção permitia a criação de diversos fotogramas de uma uma cena em movimento, posteriormente a imagem esses fotogramas eram projetados em uma parede, criando a ilusão de movimentos proporcionada pela velocidade de movimento dos fotogramas que possuem imagens estáticas, isso graças a persistência retiniana que cria a ilusão de ótica fazendo com que imagens estáticas passem a "ter movimento" se postas em sequência superior a dezesseis quadros por segundo. Com essa invenção os irmãos Lumière passaram a produzir pequenos filmes relacionados a vida cotidiana, apesar da simplicidade suas produções fizeram grande sucesso, com a reção das pessoas diante da projeção de uma locomotiva que se movia em direção ao público ficou mais do que claro que aquele seria a maior novidade desde a invenção da fotografia.
Irmãos Lumière

Vendo as potencialidades do cinematógrafo dos irmãos Lumière, o ilusionista Georges Méliès desejou comprar o aparelho para utilizá-lo em seus espetáculos, com a recusa dos irmãos diante da oferta de Méliès este se viu obrigado a comprar um aparelho semelhante de Robert William Paul. Méliès passou a explorar as possibilidades do aparelho, inserindo em suas apresentações, registrando apresentações a criando modificações nas imagens, criando efeitos ilusórios nas imagens, suas produções criavam uma outra realidade para os espectadores, que podiam compartilhar de narrações como "A viagem a Lua". Enquanto as projeções dos irmãos Lumière foram conhecidas como os primeiros documentários da história do cinema, as criações de Méliès ficaram conhecidas como as primeiras produções do cinema de ficção.
Cartaz para divulgação dos filmes dos irmãos Lumière

 
Cartaz de "A Viagem a Lua" de Méliès
Durante o século XX o cinema passou por diversas transformações, passou a ser uma forma de entretenimento e propgação da cultura, como também foi um veículo da propagação de ideologias políticas e modos de vida. Com a criação do cinema sonoro as produções passaram a reproduzir festas, bailes, guerras, com maior semelhança a realidade. 
Cartaz do filme "O Nascimento de uma Nação" de D. W. Griffth

Cartaz do filme "O encouraçado Potekin" de Serguei Eisenstein


O cinema digital iniciado no final do século XX e  desenvolvido no inicio do século XXI passou a proporcionar o que é chamado de cinema 3D, onde o uso de óculos especiais criam a ilusão ótica que proporciona a sensação de volume na imagem projetada na tela. Outras invenções vão surgindo, como o 4D em que as poltronas do cinema se movimentam de acordo com imagens do filme, mas ainda são novidades que não abrangem grandes proporções e talvez não passem de experimentos. 

Cena do filme "Alice no país das maravilhas" de Tim Burton

Desde os inventos que proporcionaram sua criação no fim do século XIX, o cinema passou por diversas transformações e inovações técnicas e estéticas, mas nunca deixou a sua essência de proporcionar aos seus espectadores a vivência de uma realidade que se faz presente ao longo de uma projeção.  



Poster: Palavra, imagem, arte e comércio

Como vimos no post anterior, a reprodução e difusão de imagens passou a se tornar maior no século XIX graças aos avanços tecnológicos alcançados na área grafica. A utilização da litografia pela industria e comércio para veiculação de propagandas e anúncios proporciou  criação de um veículo eficaz de divulgação de imagens: o cartaz.
Champfleury – Les Chats, cartaz de Edouard Manet

Moulin Rouge: La Goulue-
Toulouse-Lautrec
Em Paris, o artista Toulousse-Lautrec que retratava a boêmia da cidade no fim do século XIX passou a utilizar tecnicas da litografia em peças que reproduziam o cotidiano da cidade e também que serviam para anunciar acontecimentos como, inaugurações de exposições, estréia de espetáculos ou anuncios de roupas e bebidas. Neste mesmo período um Jules Cheret cria cartazes com maior elaboração e com um carater mais apelativo e que publicitário, suas composições exibiam belas mulheres, formato que causava impacto e chamava atenção do público para a mensagem a ser transmitida, com as transformações da capital francesa os cartazes passam a fazer parte da paisagem urbana, tornando-se peças publicitárias eles anunciam produtos, serviços, marcas e eventos.

Poster de uma exposição- Lissitzky


Além dos fins publicitários, o cartaz no século XX passa a desempenhar o papel de de propagação ideológica. Tanto nos Estados Unidos quanto na União Soviética, os cartazes com finalidade política ganham espaço e contam com o desenvolvimento do design. El Lissitzky foi um dos nomes mais eminentes do design soviético.


A produção de cartazes também se popularizou graças ao crescimento da industria cinematográfica. Para promover as produções, os cartazes eram fixados nas entradas do cinema e em regiões de grande movimentação, propagando as novidades que os espectadores poderiam conferir nas salas. O cartaz de cinema se tornou uma tradição, existem diversos colecionadores desse segmento artístico.
Poster do filme "Pulp Fiction" de Quentin Tarantino


A gravura e a reprodução da imagem

Como vimos no post anterior, a fotografia se tornou no século XIX a técnica de produção de imagens mais importante inventada pelo homem, por conta de sua fidelidade a imagem reproduzida e a velocidade de produção ela acompanhou os avanços tecnológicos o que melhorou o desempenho e velocidade de produção das fotografias.

Mas antes da fotografia existiam outros meios de produção de imagens, que permitiam a sua reprodução proporcionando diversas cópias do mesmo original, esses meios eram a xilogravura, a gravura em metal e a litogravura.

Origens e histórico

A Xilogravura, é a técnica de gravura mais antiga, possui origem chinesa, datando as primeiras obras no século VI, e consiste no entalhe da imagem na madeira afim de reproduzir essa imagem através do processo de impressão.
Rhinoceros- Albrecht Dürer
No ocidente a xilogravura florece a partir do século XV, acompanhando o surgimento da imprensa, nesse período nome que mais se destaca entre os artistas é o de Albrecht Dürer ( 1471-1528),  Nuremberg sua cidade natal acabou se tornando em sua época o centro de produção e desenvolvimento de técnicas de gravura para ilustração de livros, além da xilogravura também desenvolveu trabalhos com a gravura em metal, cuja gravação no metal é produzida com buril.
A gravura européia passa por uma grande transformação durante o século XVIII com a chegadas das gravuras japonesas a cores. Tempos depois, Alois Senefelder desenvolve a técnica de litogravura, que consiste na acumulção de óleos e água sobre a pedra para a gravação da imagem. O utilizador da litogravura mais produtivo foi Gustave Doré (1832-1883), que com essa técnica ilustrou mais de cem obras literárias clássica.

Cocytus- Gustave Doré
"Embaixadores- Aristide Bruant" Toulouse- Lautrec

As técnicas de gravura foram utilizadas no século XIX pelas vanguardas artisticas que exploraram sua linguagem em muitas obras de artistas de renome como, Renoir, Cézanne, Toulouse-Lautrec e Picasso. Além da arte, a litografia exerceu papel fundamental na difusão da imprensa e de cartazes de comunicação na Europa.






 Gravura Brasileira
A Espada e o Dragão- Gilvan Samico
A gravura no Brasil possui a herança européia devido as ligações com Portugal. Seus maiores representantes são os artistas ligados a literatura de cordel como, J. Borges e Gilvan Samico, que possuem como influências a cultura popular nordestina.




Relações entre a pintura e a fotografia

O homem em toda a sua história buscou produzir representações do que sua visão percebe. Uma das formas mais tradicionais de representação visual é a pintura. Durante a idade clássica ela teve um desenvolvimento pouco representativo, no entanto, durante a idade média desenvolveu-se alcançando seu alge de produção durante Renascimento e acabou passando mudanças em seus principios no período transição que se estendeu no século XIX.

A Escola de Atenas- Rafael Sanzio
Partindo do Renascimento, momento no qual a pintura passa a sofrer transformações por conta dos estudos desenvolvidos no campo pictórico por pintores como Leonardo Da Vinci e Rafael Sanzio. Inserindo perspectivas em suas imagens os pintores transportam as representações para o antropocentrismo da época. Além da pintura passar pela modificação estética e também passa nos séculos seguinte a adquirir funções sociais diante de seus temas e registros, a pesquisa científica traz novas perspectivas para a sociedade e também para a arte, Da Vinci assim como outros pintores estudavam as funções da câmara escura aplicando seu uso na pintura, pesquisas que seram amplamente desenvolvidas no século XIX, e que proporcinaram o surgimento da fotografia.

Daguerreótipo
Com a exposição de um material a luz do Sol, Niépce produz aquilo que nomeia de heliografia, em parceria com Daguerre desenvolve pesquisas para diminuição do tempo de exposição para formação da imagem. O daguerreotipo, invento anunciado em 1839 por Daguerre, foi o primeiro meio macânico de produção de imagens, utilizando-se da combinação do sistema da camera escura e as chapas com iodeto de prata. A representação de imagens passa a ser através da fotografia, o gênero retrato é o primeiro a ser explorado pela nova forma de representação, quem o populariza é Felix Nadar, que também proporcionou pela primeira vez imagens áreas e subtarraneas de Paris. A fotografia passa a representar a cidades através das fotos de Talbot.

"Impressão, Sol Nascente"- Monet
Com a invenção do fotografia e seu pleno desenvolvimento a pintura deixa a tendência de bucar a representação verossímil da realidade. Houveram diversas tendências e mostras das mudanças da pintura, mas a que merece maior destaque é a obra "Impressão, Sol Nascente" de Monet, nela o pintor expõe em forma de imagem a ideia que transformaria a os caminhos da pintura. Utilizando as tonalidades de apenas duas cores, combinadas com realces proporcionados pela representação de luzes e sobras, Monet dá inicio ao movimento chamado Impressionismo. A pintura passa a retratar a realidade através da percepção do pintor livre da obrigação de reproduzir fielmente aquilo que é visto em suas formas, tonalidades e aparência, proporcionando ao observador novas perspctivas imagéticas.

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"Ao lado da morte voluptuosa"- Dali
Com desenvolvimento médio da fotografia no inicio do século XX, a pintura ainda mantem sua ligação com pintura através de obras de artistas como Picasso, que realisou pinturas reproduzindo imagens de seus estudos fotográficos, ou criando cenas através da composição fotografica que retratava o interior de seus ateliê. A fotografia continua sua relação com a pitnura na obra de artistas como Dali e Man Ray, que transferem principios de composição e temáticas próprias da pintura.